Para além da gratificação pessoal, são inúmeros os desafios dos empreendedores brasileiros. A seguir, compartilho aqueles que eu encontrei pelo caminho

Há oito anos, em uma carreira supostamente de sucesso na área de Tecnologia da Informação (TI), eu não conseguia parar de pensar na possibilidade de ter meu próprio negócio. Com uma ideia na cabeça e um propósito nas mãos surgiu minha empresa. Mas, pensando bem, não só com isso.

Achava, na época, que toda minha paixão por juventude, inclusão social e pelo Brasil fosse combustível suficiente para gerir um negócio próprio – não fazia ideia de quais eram os desafios dos empreendedores brasileiros. Logo eu, uma gerente de projetos, ao sair do mercado tradicional para empreender, deixei no passado todas as skills básicas para mensurar, planejar, acompanhar e implementar projetos.

Levei dois anos para descapitalizar completamente. O dinheiro não entrava, não haviam vendas, nem gestão de leads, clientes, estratégia de marketing ou gestão financeira. Havia o talento (quase nato) de palestrar e a paixão. Só.




Levei cinco anos para perceber que, além do talento e do propósito claro de incluir jovens em vulnerabilidade no mercado de trabalho, eu precisaria aprender a gerir meu negócio. Afinal, os principais desafios dos empreendedores são entender que empreender vai além de se fazer algo bem feito. Você precisa saber fazer bem várias coisas para tocar um negócio sustentável, financeiramente falando.

E não teve segredo: quanto mais eu estudava e aplicava no cotidiano técnicas de planejamento estratégico (escrever uma visão, missão e os valores e deixá-los à vista de todos no escritório; fazer um Canvas; uma matriz SWOT; um planejamento das ações de marketing; desenhar as personas; começar um CRM, por exemplo) mais minha empresa tomava forma. Empreender é trabalho cotidiano, é respirar números, métricas e estratégias sem perder o coração.




Há 12 meses eu finalmente comecei a entender que dependia de mim, que eu era a responsável por todos os setores da empresa (pelo menos no início) e mergulhei nesta rotina. Hoje, 10% do que faço é palestrar aos meus jovens; 90% é cuidar para que a Y esteja de pé. Se você deseja empreender, prepare-se: invista, aprenda e abra sua mente e coração especialmente para as áreas do negócio em que você tem zero experiência.

Quando dou as aulas e falo dos desafios dos jovens empreendedores, um público que tem no empreendedorismo a única (ou melhor) saída para geração de renda, tenho a confiança de que eles não precisarão errar como eu errei. E poderão, assim, levar seus pequenos negócios para muito além do meu.

Formada em TI, Geovana fez carreira em uma multinacional de onde decidiu sair para apostar na realização de um sonho: participar da ressocialização de jovens entre 14 e 35 anos e na inserção deles no mercado de trabalho. Para isso, ela, o marido e as duas filhas do casal se mudaram para um dos bairros mais carentes de Curitiba (PR) onde inauguraram o coworking Y (Youngers) – como estratégia da empresa social de desenvolvimento humano com foco na preparação para o mercado de trabalho e empreendedorismo. Por meio de palestras, cursos, mentorias e outras vivências eles trabalham a ideia de que é possível transformar um hobby (ou qualquer coisa que você faça bem feito) em negócio.

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