Desafios para agora e pós pandemia - Parte 2: A saúde
Desafios para agora e pós pandemia - Parte 2: A saúde

Desafios para agora e pós pandemia – Parte 2: A saúde

Em minha visão pessoal, o Brasil tem três grandes desafios que causam impactos profundos na vida de cada cidadão, uma vez que atingem de forma direta e implacável a atividade econômica de nosso país:

O primeiro, alicerce de toda a vida: a Saúde.

O segundo, alicerce do desenvolvimento, pois afeta a distribuição de renda e oportunidades: a Educação, sobre a qual já foi refletido anteriormente.
O terceiro, alicerce do livre trânsito e da paz de todos os cidadãos: a Segurança (vejam o que aconteceu às cidades ameaçadas pelo indivíduo Lázaro Barbosa – simplesmente a vida nas comunidades rurais parou pelo medo e insegurança).

Se pararmos para pensar, isolando qualquer corrente ideológica, perceberemos o quanto esse tripé afeta a Economia de um país e que se não enfrentado com medidas eficazes, qualquer política econômica por mais bem estruturada que seja, não atinge plenamente os objetivos aos quais se propõe.

Vamos analisar de forma geral o impacto que desajustes nesse tripé causam na Economia de uma Nação:

No que diz respeito à Saúde, basta ver os estragos que a Pandemia do Coronavirus causou nas Economias ao redor do planeta. É fácil perceber o quanto em termos de custos pessoais e sociais a ausência de saúde impacta a atividade econômica e o quanto em termos de custos para a sociedade essa ausência causa.

Por mais equilibrado que seja um sistema econômico, a baixa qualidade de vida e as doenças geram custos em termos de pressão sobre o sistema de saúde, gerado pela maior busca aos serviços oferecidos, os quais sem um respaldo de recursos suficiente, chega a entrar em colapso, haja visto o que ocorreu com a falta de oxigênio em Manaus no princípio de 2021.

Além disso pode-se citar custos com planos médicos para as pessoas e empresas, baixa de produtividade pela descontinuidade na atividade profissional, queda na auto estima das pessoas afetadas pelos diversos problemas físicos ou emocionais, enfim uma série significativa de percalços que impactam o bom andamento da atividade econômica como um todo, de uma forma bem geral.

No que se refere à Educação, é patente o quanto a Economia é afetada quando está em processo de aceleração, necessita de mão-de-obra qualificada e não a encontra em função da baixa qualificação das pessoas em busca de colocação ou recolocação no mercado.

Por incrível que pareça ainda neste nosso Brasil existem pessoas que sequer sabem assinar o nome, ou que são excluídas das oportunidades por não terem o grau de instrução necessário para exercerem uma atividade profissional que lhes garanta ao menos o sustento de suas famílias, o que gera um descasamento entre as oportunidades de crescimento e a força de trabalho que não está devidamente preparada para ocupar os postos oferecidos, gerando insuficiência de recursos humanos para a atividade profissional e o crescimento e desenvolvimento econômicos. Isso tudo sem falarmos nos impactos sociais: pessoas sem acesso à educação, desde o ensino fundamental, são, via de regra (claro, existem exceções), sérios candidatos à criminalidade em todas as suas dimensões.

Em minha opinião, a Educação é o fator preponderante da inclusão social. Sem acesso a ela, dificilmente alguém consegue ser protagonista na marcha de desenvolvimento de um país, uma vez que promove a disseminação do conhecimento, dos valores e princípios da ética, do convívio social que gera progresso, da cidadania, do respeito ao meio ambiente, e tantas e tantas outras questões fundamentais para a formação integral do Ser Humano. Sem a Educação o indivíduo fica impedido de tomar parte nas riquezas que seu país produz e às quais ele tem pleno direito de acesso enquanto personagem ativo dessa produção.

Educação é fator preponderante de desenvolvimento sócio econômico sustentado e sustentável.

Com relação ao terceiro pilar do tripé do desenvolvimento, a Segurança, também podemos facilmente notar o impacto na atividade econômica causado pela onda de violência ocorrida em Manaus há poucos dias, impedindo pessoas de irem para o trabalho, destruindo instalações públicas e privadas, assassinando pessoas indefesas,  e com tudo isto somado, causando prejuízos à comunidade, que terá que disponibilizar mais recursos para os reparos em tudo o que foi destruído, sem falar no que não tem mais como ser reparado, ou seja, as vidas tiradas por um instinto sem a menor razão de ser.

A ausência de Segurança que é uma tarefa institucional, é fator de atraso na atividade econômica, uma vez que impacta diretamente o dia a dia das pessoas que circulam com vários objetivos e que desejam um mínimo de tranquilidade social para poderem exercer plenamente seus papéis na comunidade em que atuam.

E Segurança aqui não deve ser pensada somente em termos de força policial, armamentos, legislação adequada ao tempo presente, não, diz respeito também à estruturação do sistema prisional de uma sociedade, uma vez que conceitualmente ele existe para correção e muito mais, ressocialização do apenado na comunidade da qual foi temporariamente retirado.

E o que vemos hoje em nosso país, infelizmente, é um sistema que além de não corrigir, desperta no indivíduo que dele fez parte, seus mais nocivos e letais instintos, pela rotulação que lhe é colocada pela sociedade.

Ausência de Segurança limita e trava a plena atividade humana.

Posta esta introdução sobre o tripé do desenvolvimento, vamos a seguir refletir sobre a Saúde, de forma não detalhada, porém instigadora de modo que você, leitor amigo e empreendedor possa fazer seu próprio caminho de aprofundamento e conclusões sobre estas questões para perceber o quão importante são no contexto de seu projeto esteja onde estiver atuando.

Quando falamos em Saúde não queremos nos referir apenas ao sistema de saúde de uma maneira geral, público ou privado com seus hospitais, ambulatórios, postos de atendimento, farmácias, profissionais à disposição para o atendimento emergencial, de rotina, de correção de problemas enfim, mas a um contexto muito mais amplo que tem seu início na verdade em questões de infraestrutura básica de uma comunidade.

O significado de “Saúde” vai muito mais além de uma rede de hospitais, devendo ser pensado como um conjunto de elementos chave sem os quais não se pode afirmar categoricamente que uma comunidade seja um país, estado ou município estejam devidamente providos de um sistema integrado de Saúde Pública.

Por que isso?

Vamos examinar a questão a partir do conceito de Saúde elaborado pela OMS, Organização Mundial da Saúde, muitíssimo conhecida de todos nós neste momento de combate à Pandemia do Coronavirus.

A OMS define Saúde como um estado de COMPLETO bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de afecções ou doenças. Além desta conceituação foram definidas outras sempre levando em conta o homem como ser social.

Para não alongar muito este texto, vou mostrar somente mais uma conceituação, com a finalidade de mostrar o quão amplo é o significado de Saúde e mais ainda, o quão focado no bem estar físico, mental e social do homem é o sentido da Saúde.

O professor Carlos de Sá conceituou Saúde como sendo “uma condição individual, referente ao todo do ser humano, que vive não apenas livre de doenças, mas em plena eficiência de todas as suas atividades físicas e mentais de tal sorte que não seja somente útil a si mesmo, mas SOBRETUDO a seus semelhantes”.

Quais as implicações que podemos visualizar dessas definições?

  1. O quanto a Saúde impacta a atividade e o desenvolvimento econômico de uma Nação, uma vez que na ausência de todos ou apenas 1 de suas facetas, há uma ruptura no círculo vicioso da atividade humana.
  2. O quanto as Políticas de Saúde devem estar presentes em qualquer política econômica que queira que um país responda de forma eficaz, sustentada e sustentável às estratégias e diretrizes tomadas.
  3. O quanto a Saúde influencia o meio ambiente pelo seu íntimo relacionamento do estado de vida dos indivíduos com a manutenção e equilíbrio dos diversos biomas existentes.
  4. O quanto a Saúde está ligada ao desenvolvimento social, em função da qualidade de vida que um país oferece à sua população.
  5. O quanto enfim a Saúde se relaciona com a ligação do ser humano com a espiritualidade, através da busca da transcendência que toda a pessoa tem em si. Quanto já se falou em meios científico-acadêmicos que a fé é um elemento crucial para o ser humano atingir um patamar de serenidade e bem estar interiores que se traduzem de forma psicossomática.

Com estas considerações não se pode deixar de pontuar a carga genética de uma pessoa como fator preponderante no bem estar da mesma em sua vida, porém, mesmo assim, essa carga genética foi transmitida por um ancestral que em seu momento de vida sofreu com ausências de fatores ambientais e culturais. Então sempre voltaremos ao mesmo conceito: a Saúde não é apenas ausência de doença.

Como já dito anteriormente, Saúde não é igual a uma boa rede hospitalar. Uma cidade pode ser coberta por excelentes instituições, porém se não agregar a isso determinadas estruturas que darão suporte a todo o serviço, muito pouco adiantarão os excelentes hospitais, pois os mesmos terão apenas uma faceta de sua função, que é a correção, às vezes não bem sucedida, de um problema que pode ter sido causado pela ausência de uma rede de infraestrutura e apoio que propicie aos seus cidadãos boas condições de usufruírem de uma vida com qualidade.

O que vem a ser essa rede de apoio mencionada?

Respondo com uma pergunta para você, leitor: onde tem início a Saúde da Comunidade?

Novamente respondo: na prevenção de doenças e não em sua cura. A cura, importantíssima para a manutenção da vida e até para o progresso científico já é um ponto bem adiante na linha do tempo da Saúde. A cura de um mal acontece porque algum fator causou uma ruptura em um dado momento.

De onde veio o vírus da Covid19 e por que pessoas foram levadas às pressas para o hospital, onde milhares delas foram a óbito? Em algum ponto um item crítico de prevenção e controle deixou de ser observado, o que acarretou o início de um processo vicioso, com consequências graves e fatais para a sociedade do ponto de vista humano e econômico.

Explicando melhor, vamos pensar no aparecimento do vírus: uma cidade deve ser provida de serviços de infraestrutura mínima que permitam a seus munícipes viverem em condições de higiene geral (coleta de resíduos e lixo, limpeza de áreas públicas, rede adequada de esgotos e saneamento básico, bem como a limpeza e manutenção de canais, riachos e córregos, serviços de reciclagem de material não orgânico, etc), bem estar social, mobilidade urbana ao menos decente, que evita desgastes, um bom serviço de assistência social para dar apoio a pessoas em situação de abandono, evitando-se assim a falta de higiene no espaço público, um serviço de controle de zoonoses e proteção e respeito à vida animal evitando-se a multiplicação descontrolada de seres que ficam ao relento e abandono, gerando mal para os próprios animais e para o ser humano, que fica em contato direto com eles muitas vezes portadores de infecções, bactérias e vírus que de um momento para o outro desencadeiam epidemias pelos descontrole e desorganização. Imagine o que um ambiente com uma infraestrutura viciada e inundada de resíduos, lixo amontoado, carente de saneamento básico, esgotos, água potável, cuidados com o meio ambiente, etc,  pode trazer ao ser humano que nele habita? Pois foi nessas condições que um vírus se instalou e propagou, transformando-se em uma das mais terríveis Pandemias que o mundo já viu, que causou (e continua a causar) mortes e graves questões sócio economicas comparáveis a dramas anteriores como as Guerras Mundiais e a Gripe Espanhola.

O que faltou nesse caso? Hospitais? Sim, mas não porque eram em número insuficiente, mas porque era insuficiente o sistema de prevenção e infraestrutura básicas de uma comunidade, seja ela grande como um país ou pequena como uma vila.

E no caso das internações já desesperadas? O que aconteceu? Como foi dito, houve em algum ponto algo importante que faltou e causou à “cadeia da Saúde” uma ruptura.

Tomemos como exemplo novamente a Pandemia: o que se cansa de solicitar aos cidadãos, sem exceção? Cuidados básicos de higiene, evitamento de aglomerações, uso CORRETO de máscara facial, na medida do possível evitamento da locomoção desnecessária, cuidados básicos caseiros para defesa da imunidade (hidratação, alimentação saudável, isolamento, etc), quando disponibilizados, tomar-se os imunizantes oferecidos, entre outros.

Quando estas recomendações não são seguidas, certamente há uma transmissão veloz do vírus entre as pessoas, o que gera desconforto, sofrimento e causa pressão no sistema hospitalar, criando-se gargalos e necessidades de tomadas de medidas bastante desagradáveis, as quais chegaram ao extremo de causar em significativa parte de nossa população, fome.

Por quê? Porque nós cidadãos não cumprimos nossa parte! Simples!

Portanto, qual a conclusão a que chegamos? A Saúde de uma maneira ampla somos nós também, fazemos parte de um grande conjunto de fatores que atendidos de forma minimamente satisfatória nos trazem consequências benéficas.

Outro ponto muito importante a ser pensado no âmbito de “Saúde”, agora mais focando nosso país: muito se fala da insuficiência de recursos financeiros alocados à Saúde e aí um parêntesis merece ser aberto: em um plano de Governo que deseje lograr êxito em um país, precisa necessariamente pensar em que, quaisquer que sejam as medidas econômicas que visem desenvolver uma nação, será SEMPRE necessário ter-se em mente que medidas técnicas por mais complexas e avançadas que sejam, jamais trarão o crescimento desejado se a população ativa não tiver saúde e esta saúde necessária dá-se pela prevenção.

Por este motivo é imprescindível que, juntamente com os planos econômicos, sejam criadas Políticas Públicas de Prevenção à Saúde, a fim de que todos os cidadãos ativos estejam aptos plenamente para o exercício do trabalho de forma a criarem produto de forma substanciosa e contínua para o país atingir suas metas econômicas e por consequência as sociais.

Com o parêntesis fechado, vamos continuar nossa reflexão sobre os recursos que a Saúde tem à disposição para a promoção do bem estar dos cidadãos. De novo vemos que o sucesso de todas as iniciativas tecnológicas, políticas e econômicas acabam ficando atreladas à Saúde da Comunidade.

Iniciativas e inovações são criadas para o benefício da sociedade, porém temos que lembrar que o produto gerado por qualquer corporação em qualquer segmento da Economia tem atrás de si grupos de pessoas, pensando, analisando, produzindo, executando, de forma que, se essas pessoas não tiverem um mínimo de saúde e bem estar, pouca coisa poder-se-á fazer para a geração de riqueza.

Além disso, sendo a Saúde uma tarefa importantíssima em um Estado como o Brasil,  uma política fiscal inadequada e perdulária, onde não há controle sobre o teto do gasto público, certamente terá muita dificuldade em gerar um orçamento anual onde os recursos sejam distribuídos de forma equilibrada por todos os setores da Economia. Se a Economia está em desequilíbrio por qualquer fator e neste caso falamos do gasto público, certamente o orçamento destinado à área da Saúde será impactado negativamente.

Ainda que tenhamos um gargalo de recursos devido a políticas fiscais inadequadas, há, em meu modo de ver, uma oportunidade, pois nem sempre muito dinheiro significa uma ótima gestão do que e onde quer que seja. Muitas vezes, embora tenhamos poucas disponibilidades, uma gestão do serviço criativa pode preencher a lacuna financeira de forma muito satisfatória.

Vamos pensar em um lado da questão: por que e para que a Saúde, mesmo sendo pública tem que ser estatal?

O Brasil possui talvez o mais avançado sistema de Saúde do mundo, o SUS – Sistema Único de Saúde, que cobre o território continental de nosso país de forma integral, ou seja, há SUS do sopé do Pico da Neblina, até o último matinho do Arroio Chuí e atende as pessoas da melhor maneira que pode, com o que possui.

Eu mesma pude constatar o esforço e a atenção dados a pacientes em uma Instituição tradicionalíssima de São Paulo a qual atende também através do SUS, muito embora  os recursos e equipamentos à disposição dos profissionais fossem de baixíssima qualidade. Falta de dinheiro? Profissionais? Vontade Pública? Má alocação de recursos pelas Instituições? Corrupção que faz com que ocorram desvios de fundos indispensáveis ao trabalho eficiente e eficaz do sistema?

Ao invés de ficarmos na discussão interminável do que falta, do que não falta, porque não pensar em soluções que podem dar certo até mesmo com a redução de fundos alocados ao sistema?

É muito complexo, devido ao imenso território brasileiro e muito mais, às enormes desigualdades que existem entre as diversas regiões do país? Sim, é, é muito desafiador, porém em algum momento, alguém precisa começar e testar, testar, até que a experiência torne-se real e aplique-se a todo o nosso sistema de saúde (e até mesmo em outros segmentos tipo Educação, Segurança, Infraestrutura, etc), não sendo algo que se resolva em pouco tempo, de forma alguma.

Mas em algum momento, alguém precisa começar.

No Brasil, especialmente neste período de Pandemia vimos acontecer muitas iniciativas extremamente inovadoras, que deram bons resultados, tanto em nível de pequenas comunidades, quanto no da mais globalizada Corporação.

Tivemos também no estado de São Paulo, a iniciativa do Governo Estadual da redução ou eliminação das filas intermináveis de exames agendados com datas longínquas de realização, isso através da utilização da ociosidade de instituições privadas durante as madrugadas, o que se mostrou muito benéfico tanto para o sistema de saúde estadual quanto para os pacientes que em certos casos tinham seus quadros agravados pela demora na realização de seus exames, o que redundava em atrasos nos diagnósticos.

E sabemos muito bem que no caso de uma certa doença, a demora no diagnóstico pode ser fatal.

Sendo assim, diante de tantos bons exemplos, por que não? Por que atendimento pela rede privada só de madrugada? Por que não a rede privada não participar operando o sistema 24h por dia, diariamente?

Por que não se pensar em um modelo digamos, híbrido de gestão da Saúde (vejam o exemplo, claro em outro segmento de atividade, do metrô de São Paulo nas linhas amarela e lilás)?

Acredito que quando o Estado tira sua mão do controle de tudo, a fluidez acontece, as pessoas trabalham com garra e foco (quantas famílias foram atendidas na Pandemia por iniciativas de comunidades e da iniciativa privada!), os custos se reduzem para todos os lados, a burocracia se reduz tendendo quase a zero.

Entendo que a Saúde deve ser uma tarefa do setor público, porque o cidadão é tributado em tudo o que faz no município, estado e país onde vive, e como tal passa a ser credor do Estado Constituído por pagar para viver nele. Mas o retorno é muito baixo e de má qualidade na maioria dos casos. Se nas regiões mais ricas da Federação, Sudeste e Sul, ocorrem tantos problemas, imaginem nas regiões menos favorecidas!

Assim, defendo que a comunidade formada pelas Instituições Privadas juntamente com o Ministério e Secretarias Estaduais da Saúde criem um projeto de gestão participativa dos serviços de atendimento à população de maneira geral, eliminando a estatização da Saúde, criando um sistema onde hospitais, pronto atendimentos, Unidades Básicas de Saúde, Hospitais Dia, AMAs, enfim, o SUS, em que a operacionalização fosse privada, os profissionais tivessem um contrato de trabalho formal, sem CLT,  firmado de comum acordo entre as partes, que lhes desse liberdade de escolha de onde atuarem, qual carga horária cumprirem e de quebra que pudessem até ter seus próprios consultórios particulares em espaço de Instituições Hospitalares para as quais pagariam um tipo de aluguel, o que seria revertido para o sistema fazer reinvestimentos na aquisição de equipamentos, contratação de novos profissionais, ensino aperfeiçoamento profissional, pesquisa, oferta de medicamentos, etc.

Com isso, médicos, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, enfim toda a classe profissional ligada à Saúde e bem estar, poderiam até melhorar sua qualidade de vida evitando tantos deslocamentos para uma Instituição, outra e depois um consultório.

Com o tempo, ganhando experiência e clientela, esses profissionais poderiam até mesmo ser convidados a uma sociedade em novos hospitais e clínicas que se multiplicariam com os recursos auferidos desses alugueis e da entrada de mais Corporações Privadas nos consórcios de investimentos no sistema publico-privado de saúde.

Seria uma reinvenção do SUS em uma modalidade de co-participação, onde o Estado participaria como co-gestor, auditor e membro de um Conselho de Administração, e as entidades privadas, não somente as ligadas à Saúde (grandes hospitais privados, Laboratórios, Empresas de Seguro e Planos de Saúde), mas até mesmo grupos corporativos, seriam seus pares na Governança do novo Sistema.

Esse Sistema poderia ser iniciado de forma a entregar serviços de qualidade à população sem seguro de saúde como acontece atualmente, porém no médio e longo prazos poder-se-ia imaginar uma variante paga à semelhança dos atuais e famigerados Planos de Saúde.

Isso geraria ruptura das empresas de Planos de Saúde? Claro que não! Elas poderiam continuar a existir para estratos mais favorecidos da população que desejassem uma certa exclusividade, afinal estamos em um Sociedade Democrática e Capitalista, ou simplesmente integrariam como co-gestores o Sistema Único de Saúde, que deveria ser iniciado pela população mais carente de recursos e aos poucos todo o atendimento espalhado pelo território brasileiro fosse sendo integrado em etapas,  utilizando-se para isso até a metodologia Scrum ou a Ágile.

Como identificar as famílias sem recursos, as com pouco e médios recursos e as que possuam recursos para pagar pelo sistema, porém de forma não abusiva como ocorre hoje? Há várias formas, isso seria levantado em etapas. Os cadastros da Receita Federal, os sistemas de segurança, o censo demográfico, ou mesmo pela criação de um novo censo da saúde, onde todas as famílias seriam identificadas.

Imaginem em uma situação de calamidade pública, como a que estamos enfrentando, como não seria muito mais ágil o combate ao vírus? Tendo o caráter meio privado, o sistema poderia agir livre de vieses políticos, disputas e outros gêneros de manifestações de egos.

É bobagem? Utopia? Viagem pelas galáxias? Não sei, o que sei é que a SOCIEDADE precisa entender de uma vez por todas que quem constrói um país, NÃO É O GOVERNO, mesmo que tenha sido ela quem o investiu do poder. O Governo representa a nação, não é ela.

A Nação somos nós, eu, você leitor empreendedor, seu vizinho de prédio, de muro, de bairro, são as corporações formadas por PESSOAS que vivem e trabalham diariamente, mas que para que tudo aconteça necessitam estar  em “uma condição individual, referente ao todo do ser humano, que vive não apenas livre de doenças, mas em plena eficiência de todas as suas atividades físicas e mentais de tal sorte que não seja somente útil a si mesmo, mas SOBRETUDO a seus semelhantes”.

Esta condição é a SAÚDE.

Espero que esta reflexão cale fundo em você, amigo leitor que trabalha e empreende em todos os ambientes e situações deste país.

Já conversamos sobre Educação e agora, Saúde. Em uma próxima reflexão discutirei com você, amigo leitor, o último pilar do que considero o tripé do desafio do desenvolvimento econômico pleno. e fosse.

MUITO OBRIGADA !!!

Desafie-se Continuamente!

Pelo Bem de Nosso Querido Brasil!

Maria da Penha Amador Pereira, Economista formada pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo com especialização em Desenvolvimento Econômico.

Atuou em carreira corporativa na antiga Companhia Energética de São Paulo, Banco do Estado de São Paulo e no Citibank, onde desenvolveu carreira por aproximadamente 30 anos em Controladoria, Planejamento Estratégico, Segurança de Informações, Gestão de Crises e Continuidade de Negócios, Qualidade, Projetos de Melhorias de Processos e Produtos Bancários, Controles Internos, Auditoria, Governança Corporativa, Regulamentação Bancária e Compliance.

Atualmente é escritora com obras já publicadas, Master Coach e PNL, Orientadora e Mentora de Carreiras, Palestrante e Educadora Financeira, tendo publicado mais de 55 artigos em Portais de Empreendedorismo, mídias sociais, jornais e revistas regionais e LinkedIn, além de ter participado de vários seminários e fóruns sobre diversos temas ligados à realidade brasileira e Compliance.

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