A primeira vez que ouvi falar sobre missão de vida foi por um dos meus tios por parte de pai, de quem tínhamos uma imagem de sucesso na família.
Ele era um homem muito calmo, tranqüilo, que passava um ar de muita sabedoria para quem quisesse ouvi-lo; ele era conhecido como “o grande professor”. Em uma de suas raras visitas em casa na Páscoa, quando ele sempre nos trazia um delicioso ovo de chocolate, ele sentou ao meu lado em um pequeno banco de madeira no fundo do quintal de casa e, olhando para um barranco com vasta vegetação, me perguntou:
– Jorginho, no que você está pensando agora?
Sua mão forte e pesada pousou sobre minha cabeça de maneira suave enquanto, em tom carinhoso, chacoalhava meu cabelo. Respondi:
– Nada, não, tio!
Porém, assim como os sábios sabem ler aquilo que não está escrito, ele insistiu:
– Vamos, diga por que está aqui sozinho, pensando na vida, em vez de aproveitar sua infância brincando?
Neste momento, me senti encorajado e tomei a liberdade de perguntar:
– Tio, qual é a melhor profissão que um homem pode ter que ganhe bastante dinheiro?
Com a calma que lhe era peculiar, ele respondeu de maneira segura e convicta:
– Aquela que esteja ligada a sua missão de vida…
Ele mal concluiu sua resposta e ouvimos minha mãe chamar, anunciando que o almoço estava servido. Para falar a verdade, eu não tinha entendido nada daquela resposta, e imaginei que ele fosse responder médico, advogado, metalúrgico, dentista, artista, jogador de futebol ou dono de firma. Afinal, que profissão seria essa da qual ele tinha falado, a tal missão de vida que poderia ajudar minha família a sair daquela situação difícil em que nos encontrávamos? Para quem tinha 6 anos de idade, pensar em missão era uma tarefa muito complicada e, naquele momento, a única coisa que me veio à mente foi correr em busca do meu prato e um cantinho na mesa da cozinha.
Quinto filho de uma família de 6 irmãos cuja morte de um deles marcou com cicatrizes profundas todos nós, busquei no exemplo dos meus pais a inspiração que precisava para conseguir um trabalho digno e honesto que pudesse ajudar todo mundo. Desde pequeno, aprendi o valor do suor e do trabalho e, com o tempo, me acostumei a dividir a escola com atividades simples de baixa remuneração que as crianças de periferia podiam exercer na época, como vender verduras e legumes de porta em porta ou engraxar sapatos.
Mais tarde, minha carreira profissional no setor Elétrico foi vencedora, e consegui chegar ao posto máximo em uma sala de controle de energia, mas não foi uma constante de promoções ininterruptas, não. Como qualquer pessoa oriunda de um País pobre como o nosso Brasil, que constrói sua história profissional a base de muita dificuldade, minha caminhada não foi diferente. Ao longo de 30 anos nesta empresa de energia, houve um longo período em que minha carreira ficou estagnada e sem sentido. Nesta época, meus vencimentos eram abaixo das minhas necessidades e as dificuldades financeiras começaram a aparecer de maneira galopante.
Hoje, sou um empresário bem sucedido na área de Educação, sócio de 3 empresas: uma de consultoria e treinamento, uma escola de empreendedorismo para jovens e uma empresa de tecnologia de aprendizado. Até pelo fato de ter me tornado palestrante internacional, escritor, professor universitário e colunista, poucos sabem que comecei como engraxate e amarguei por muitos anos o esquecimento profissional em uma empresa de energia…
Quero que, a partir de hoje, por mais difícil que esteja sua situação, você acredite no sucesso pela minha história. As portas se fecharam e as janelas ainda não se abriram? Faça você mesmo um furo nas paredes que te limitam e olhe além do horizonte! Empreender pode não ser fácil, eu sei, mas a boa notícia é que se essa é sua vontade, basta você seguir sua missão de vida e seguir em frente!
Quando somos crianças, como eu era quando conversei com meu tio, nossas janelas são pequenas, mas conforme vamos crescendo, as janelas vão aumentando e portas vão se abrindo… Acredite! Ee tiver que voltar para as pequenas janelas durante a vida, não tenha vergonha, mesmo que a sua visão exterior seja através de um pequeno furo em uma caixa…
Na próxima coluna vou contar sobre o começo da minha carreira como engraxate, quando aprendi que um dos segredos de um empreendedor de sucesso é sempre perguntar sempre sobre a chefia do cliente. Não perca nosso próximo artigo!
Jorge Penillo, conhecido como Doutor Carreira, é coach e mentor de liderança e carreira. Professor universitário e palestrante, tem formação em universidades do Brasil e Estados Unidos. É graduado em Administração de Empresas com pós-graduação em Marketing e Negócios e possui MBA em Estratégia Empresarial com especialização em Neurociências. Começou sua carreira profissional aos 14 anos de idade, em 1986, aos 14 anos na Eletropaulo como menor aprendiz, e permaneceu na empresa por 30 anos, passando por várias áreas técnicas e administrativas até 2016. É autor do livro Iniciando uma carreira brilhante, que tem o objetivo de orientar os jovens sobre como entrar no mercado de trabalho.
