A relação com o dinheiro
A relação com o dinheiro

A relação com o dinheiro: Um Desafio Empreendedor

Mas afinal, o que é dinheiro?

O que você, amigo leitor entende que seja dinheiro?

Se você pensou em dinheiro como os meios de pagamento em circulação, desculpe-me, mas sua visão sobre o sentido da palavra dinheiro, é um pouco estreita.

Meu objetivo neste texto é mostrar, dentro das limitações de espaço e de acordo com minha visão pessoal, o sentido do que é dinheiro, sem a preocupação de fazer uma consultoria financeira em relação às enormes, complexas, lucrativas (ou não tão), arriscadas, conservadoras, variadas e atuais oportunidades de investimento à disposição, mas ao contrário buscando refletir sobre o sentido amplo dessa “ferramenta” valiosa (sim!) que temos em nossas mãos, através da qual poderemos forjar caráteres íntegros ou totalmente maléficos caso não saibamos como direcionar nossa relação com esse sujeitinho que promove as mais diversas trocas na sociedade.

O que faremos aqui é uma conversa que nos leve a refletirmos se estamos ou não sendo capazes de primeiro nos educar e por consequência, nossos filhos, netos, alunos, pessoas que passam por nós solicitando ajuda sobre uma questão importante que, caso seja levada de forma alienada e leviana, pode destruir as mais caras ligações entre pessoas.

Para tornar a reflexão mais didática, dividi-la-emos em três partes: conceito e dinâmica do dinheiro, um pouco da história desse importante meio de troca e finalmente noções gerais sobre Educação Financeira.

Conceito e Dinâmica do Dinheiro

Imagine que em um dia qualquer, você andando pela rua encontre uma nota de R$200; você olha de um lado para outro, vê se alguém mais viu, analisa a nota para verificar a autenticidade da mesma, pensa que “achado não é roubado”, guarda a cédula no bolso e volta à sua tranquila caminhada até sua casa.

Chegando em sua casa, pense no que fará com o achado: vai comê-lo? Fazer uma sopa de nota de R$ 200? Vai fazer um rocambole de nota de R$200? Vai utilizá-la para decorar sua casa? O que fará? Que utilidade direta o achado lhe trará?

Em um segundo exercício imagine que andando pela rua você encontre um chocolate no chão. O que fará? Você olha bem para ver se não é uma bomba, olha de um lado para outro para ver se não há ninguém escondido em algum canto (pode ser uma armadilha de um assalto!), pega a guloseima, vê que a embalagem está intacta, o vencimento é distante, não há ninguém olhando, enfim, caminho aberto para você colocar o chocolate em seu bolso e continuar para casa.

Chegando em sua casa pega o chocolate e , delícia, come com prazer! Puxa, que gostoso, como gosto de chocolate!

Percebeu amigo leitor a diferença entre as duas situações? O que podemos extrair desses simples exemplos?

⦁ O dinheiro em si NÃO tem valor intrínseco ALGUM! Não possui utilidade e não é um fim em si mesmo! Sua utilidade em si mesmo dá-se no sentido de ser ele uma RESERVA DE VALOR, e como tal possui características que lhe conferem importância na vida das pessoas, como: traz proteção ao longo do tempo para variações significativas no mercado financeiro, que ocorrem por algum evento muito marcante e global, por exemplo, guerras mundiais, catástrofes naturais, grandes atentados e… a Pandemia; seu valor é preservado ao longo do tempo; possui enorme liquidez (é facílimo obter-se bens com ele por ser referência de troca); é uma “mercadoria escassa” por isso o valor a ele atribuído; não sofre deterioração ao longo do tempo (pode sofrer oscilações, mas sempre será aceito como meio de troca).
Ilustrando a questão da proteção, basta lembrar o que aconteceu no período difícil e sofrido da Pandemia pelo qual passamos e na verdade ainda estamos passando, mas já em um cenário de menor turbulência: isolamento, lock downs, fechamento dos serviços, comércio, indústria, escolas, perda de posições profissionais, ocupações temporárias e informais, levando as pessoas a terem suas fontes de renda extintas e portanto impossibilitadas de ganharem “dinheiro”, o meio que pode ser trocado por mercadorias e bens de consumo. Sem possibilidades concretas da existência de uma fonte segura de renda, as pessoas necessitariam buscar em suas “reservas” alguma fonte que lhes pudesse suprir as necessidades básicas, alguma coisa que pudesse ser trocado por outras que possuem um determinado valor. Aí reside a importância da reserva de valor do dinheiro. Uma lição bem atualizada: se uma pessoa não constitui uma reserva, corre sérios riscos de se confrontar com situações extremamente maléficas à vida.

⦁ O dinheiro SOMENTE possui alguma utilidade quando servir de referência para determinar um preço a alguma outra coisa, que pode ter ou não valor! Dinheiro é PREÇO e não VALOR! Dinheiro é uma referência, uma medida, para algo que possui um determinado valor.

Desta constatação podemos derivar algo muito importante, que pode ser um excelente guia para a educação financeira de crianças, jovens ou não tão jovens assim! Essa derivação diz respeito à diferença fundamental entre “preço” e “valor”: preço é algo racional, matemático, exato, que não envolve emoção e valor é algo ligado à emoção, ao pensamento, ao coração, podendo muitas vezes não aceitar uma precificação, uma vez que pode significar uma lembrança, um acontecimento marcante na vida.

Esses conceitos foram muito bem utilizados em uma peça publicitária já veiculada nas mídias sociais, onde nota-se a diferença entre os dois. Algo tem muito valor para uma pessoa quando marca sua vida, quando lhe serve até de âncora para vencer certos desafios, quando lhe traz recordações de pessoas queridas, sendo que nestes casos costumamos dizer “não há preço (ou dinheiro) que pague X,Y,Z”. Já o preço é um número apenas que se coloca para uma troca, podendo ser um pedaço de papel com símbolos, um kilo de qualquer mercadoria, um animal, etc.

Atualmente usamos um padrão monetário, no caso do Brasil, o Real. Portanto, dinheiro não é o coração, a lembrança, é sim, o meio pelo qual o trocamos por algo ao qual damos valor. Há pessoas que valorizam imóveis, carros, motos, roupas, eletrônicos e por aí vai. O preço dessas coisas poderia ser medido por diversas maneiras, atualmente é a moeda.

⦁ O dinheiro não é propriedade de ninguém! Como assim? Tenho dinheiro no banco de Investimentos rendendo! O dinheiro é do mundo, só tem utilidade quando circula. Imagine a nota de R$ 200 jogada na rua: qual sua utilidade naquela posição? Nenhuma! Zero! De outro lado, se essa nota for investida seja no que for, iniciará um ciclo de movimentações que alcançarão dezenas, centenas de objetivos, pessoas, instituições, porque a posição ideal desse bem é a circulação, que gera multiplicação em todos os sítios pelos quais passar. Imagine se você pegar seus milhões investidos e colocá-los em sua casa, bem à sua frente, sobre sua cama! O que acontecerá se você ficar olhando para a pilha? NADA!

Devolva a pilha para o Banco, pois lá essa pilha começará a percorrer lugares, comprará e venderá ativos, passará a outras mãos, que a farão passar a seguintes, e assim sucessivamente, dando “vida” à sua pilha. Portanto, dizer que se é “dono” de dinheiro é uma ilusão! Acumular dinheiro pelo simples acúmulo, não gera resultados eficazes em nenhum momento e para ninguém. Quando entendemos que o dinheiro deve ser trabalhado de forma sistemática e disciplinada, então sim conseguiremos realizar sua multiplicação com benefícios para nós mesmos e para terceiros!

Veja outro grande exemplo de como o acúmulo e o apego ao dinheiro gera resultados medíocres sendo este um exemplo real da História da Humanidade: a diferença, em linhas gerais, entre o colonialismo português e o inglês onde o primeiro baseava-se no pensamento metalista, ou seja, de extração desenfreada, retirada pura e simples de riquezas, tornando a circulação e a expansão lentas e sem motivação, levando à concentração em poucas mãos da riqueza finita.

Já o segundo, apoiava-se no investimento e multiplicação de riquezas no local onde existiam, para progresso dos exploradores que poderiam ser quaisquer pessoas, levando ao desenvolvimento de uma sociedade onde todos possuíam recursos para investirem em novas frentes. Novamente, guardar a nota de R$200 no bolso apenas, não gera riqueza e pior, não a distribui, criando uma sociedade empobrecida e sem perspectivas de futuro.

⦁ Dinheiro traz dinheiro! Se você, amigo empreendedor, permanecer pura e simplesmente com a nota de R$ 200 que encontrou na rua, ela não se multiplicará, justamente por não ter valor intrínseco e nem a propriedade de gerar valor por si mesma! Conhece a parábola dos talentos, contada por Jesus para nos ensinar sobre o que multiplica os dons? Vou relatá-la brevemente, mas procure-a em detalhes no Novo Testamento e reflita sobre essa pequena estória.

De forma resumida a parábola é a seguinte: um homem poderoso de saída para viajar chamou seus empregados e a cada um confiou diferentes quantias em dinheiro, alertando porém que quando retornasse queria a prestação de contas do recebido.

Ao retornar, chamou o primeiro funcionário a quem entregara R$ 5.000 (usarei nossa moeda para facilitar). O homem apresentou outros R$5.000 como fruto dos investimentos que fez. O patrão muito satisfeito deu-lhe uma recompensa.

Da mesma forma chamou o segundo funcionário a quem entregara R$ 3.000 e o trabalhador apresentou outros R$3.000 como resultado de seu trabalho. Outra vez o patrão, muito satisfeito, ofereceu uma recompensa ao funcionário.

Chegou então o terceiro, a quem foi entregue R$1.000. O trabalhador, muito travado e com medo de perder a quantia, enterrou-a em um esconderijo, entregando-a de volta ao seu patrão no momento de sua entrevista de prestação de contas. Esta ação não gerou NENHUM valor como as anteriores, porque NÃO teve o trabalho que garantiria circulação, movimento, rendimentos! Então o patrão decepcionado e insatisfeito, demitiu o funcionário por justa causa, irritado com a acomodação e preguiça do homem que recebeu os R$1.000.

Veja amigo leitor, que com essa estorinha mais uma vez percebemos que encontrar a nota de R$200 e simplesmente enfiá-la no bolso, não nos trará benefício algum, se deixarmos de trabalhar para que ela circule e se multiplique pela cadeia produtiva ou de investimentos, uma vez que essa circulação garantirá em algum ponto o sustento de alguém, o investimento de alguma instituição, a obra de arte de algum artista, enfim, se extrapolarmos, podemos até arriscar dizer que o dinheiro é um ativo muito social, muito efetivo e eficaz se possibilitar a criação da maior quantidade possível de relações! Pensando desta forma, chegamos à conclusão que o dinheiro não é algo ruim, maléfico, sendo que apenas o será dependendo da utilização que se faz dele e como é conquistado.

Por que será que o dinheiro é tão cobiçado pelo mundo afora? Todos, sem exceção correm atrás dele, muitos o querem em abundância, outros de forma equilibrada, outros ainda não podendo tê-lo buscam-no de forma agressiva, ameaçadora e anti ética mas o certo é que ninguém vive sem ele!

Uma coisa muito interessante: por que o assaltante rouba dinheiro? Por que o corrupto exige dinheiro? Por que o agiota extorque? Por uma razão muito simples: o dinheiro é fonte inesgotável de poderio econômico e social. Todas as guerras da humanidade tiveram como causa primária a necessidade de se obter mais recursos e poder.

O dinheiro é uma fonte segura de obtenção de poder e influência, e em minha opinião essa é a principal razão pela qual é visto como um mal, quando na verdade não o é, se bem administrado e empregado. Esta é uma discussão de fundo filosófico e sociológico muito mais profunda que este texto pretende ser, por este motivo deixo-lhes a reflexão.

Continuando, qual deve ser então nossa relação com esse potencial vilão de nossas vidas? Como qualquer coisa deve ser muito equilibrada e sensata. Não se trata de um mal uma pessoa almejar ter dinheiro, quando essa ambição é bem dosada, afinal valores pessoais estão ligados à nossas posturas e projetos em relação ao dinheiro. Explico: uma pessoa que em dado momento de sua vida passa por grandes dificuldades pode ter como projeto dedicar-se a se aprimorar, trabalhar para que no futuro possa oferecer condições a quem esteja junto com ela de usufruírem uma situação melhor de vida.

Nada mais justo e positivo. Essa pessoa na jornada de seu projeto DEVE enxergar-se nessa situação de maior conforto enquanto realiza seus estudos, seu trabalho, organiza sua vida que suas energias fiquem focadas no objetivo de alcançar uma meta de vida com mais conforto. E do que precisará? Não há jeito, lá estará ele, o dinheiro; então verificamos que o dinheiro trará a essa pessoa uma satisfação interior pela obtenção da posição almejada e PELO VALOR QUE ELA CONFERE AO PROPICIAR BEM ESTAR a quem quer bem.

Não há mal algum em se “pensar grande” para um grande objetivo e nesse sentido, o dinheiro torna-se um grande aliado em nossas vidas pois nos confere, se bem usado, realização de sonhos, contribuição familiar, social, crescimento e desenvolvimento e bem estar.

No entanto, quando se vivencia situações negativas de raiva, invejas, sentimentos de inferioridade, capacidade, rejeição, desamor ou medos de forma geral pode ocorrer de utilizarmos o dinheiro como uma forma de “válvula de escape” para não enxergarmos questões pessoais importantes que atrapalham por exemplo, o sucesso profissional, e nesse sentido atribuímos erroneamente ao dinheiro o papel de vilão, uma vez que o usamos de forma adequada, para preenchermos vazios de vida e desta forma acabamos gerando situações piores do que as já existentes.

Explicando melhor: você tem uma questão mal resolvida em sua vida e não quer se confrontar com ela de forma a dar-lhe uma solução definitiva e acaba por exemplo, comprando coisas que não necessariamente precisa, que não lhe gerarão VALOR no longo prazo, apenas uma sensação temporária de valor, que em pouquíssimo tempo se extingue, fazendo com que você retorne ao ponto inicial, ou seja, aquele de sua questão de vida mal resolvida. Se não se encorajar a solucioná-la, lá vai você outra vez gerar gastos com seu dinheiro de forma desnecessária, criando novamente uma falsa sensação de bem estar. Nesse sentido temos que a utilização do dinheiro com a finalidade de preencher lacunas de vida nos colocam em duas situações muito maléficas:

  • O dinheiro passa a mascarar a causa raiz de nossas lacunas.
  • O dinheiro passa a ser um grande problema pelo fato de, em razão de ter sido (mal) usado em gastos desnecessários para esconder mazelas pessoais, cria ônus e dívidas que nos levam a aumentar ainda mais o tamanho do problema já existente.
    Como podem verificar dinheiro tem uma importante influência em nossas vidas que pode ser maléfica ou benéfica dependendo do conceito e do uso que temos dele e de como entendemos sua dinâmica em nosso mundo. Neste sentido é crítico e deve fazer parte de nossa educação a correta abordagem desse tema, para evitarmos termos no futuro pessoas com visões distorcidas que lhes gere problemas e travas pessoais. Na sequência deste texto, conheceremos de forma geral um pouco da história do dinheiro para entendermos o real significado do mesmo.

Visão histórica do Dinheiro

A relação com o dinheiro
A relação com o dinheiro

Como surgiu o dinheiro? Como faziam Adão e Eva?

Assim como a Humanidade, o dinheiro também teve seu início evoluindo e adaptando-se a cada momento histórico e em muitos desses momentos seu significado não foi o que o que atualmente entendemos por “dinheiro”;

O termo dinheiro tem sua origem no Latim denarius, que na verdade era o nome dado ao pagamento ou soldo dos soldados romanos, que ao fim de seu mês de trabalho, levava para casa um ou mais sacos de sal, de acordo com sua patente no exército e seus serviços. Por que recebiam em sal? Porque este produto era a unidade de valor da época, raro na Itália, com alto valor de trocas.

O que entendemos hoje por dinheiro tem uma história de aproximadamente 4.000 anos, sendo representado por diversas formas usadas em trocas cujo formato e dinâmica mantiveram-se por séculos.

Em seus longos anos de história, desde as eras primitivas da humanidade, o dinheiro, como meio de troca, foi representado de várias formas tais como: couro, penas, peixe seco, mulheres, sal grosso, pinga, tabaco, etc, que eram utilizados para a realização das trocas nos mercados das cidades antigas, através do ato que conhecemos como “escambo”, onde trocava-se alguma quantidade de algo considerado valioso, que podia ser usado rapidamente (liquidez), não era encontrado com facilidade, ou seja, era escasso, por mercadorias que supriam as necessidades do momento.

Os povos que viviam na região do atual Iraque, que na Antiguidade era chamada de Mesopotâmia localizada em uma faixa extremamente fértil entre dois rios famosos na era antiga, o Tigre e o Eufrates (por isso “Meso” – entre, no meio, e Potamos – rio) já realizavam intensa atividade comercial através de trocas de mercadorias, o que não era nada prático, pois trocavam-se sacos de X por sacos de Y e carregar vários deles era extremamente complicado, especialmente naquele período em que as estradas não eram exatamente como as de hoje.

Esses povos, os Babilônios, tiveram a ideia de criar “cédulas” que na verdade eram tabletes de argila com uma representação de valor para realizarem seus negócios, chegando mesmo a terem casas comerciais para depósitos dos tabletes, daí surgindo os primeiros Bancos que inclusive “emprestavam a juros”.

Mas eram tabletes de barro, não moedas, cujo aparecimento no século VII A.C., deu-se na Lídia, atualmente Turquia, quando seu rei, Creso I, determinou a cunhagem de dinheiro no formato que até hoje utilizamos, as moedas. Na época de Cristo por exemplo, a utilização de moedas para as trocas já era algo muito corriqueiro e intensamente difundido, já existia a figura da “inflação”, bancos rudimentares, “casas de câmbio” para as trocas das diversas moedas do período, aumento de preços de mercadorias em função de eventos relacionados a fatores ambientais e políticos, exatamente como hoje, guardadas as devidas proporções entre os momentos históricos.

Quando passamos à Idade Média, o período histórico determinado entre os anos de 476 com o fim do Império Romano e 1453, com a queda de Constantinopla, a atual Istambul, Turquia , conquistada pelos turcos otomanos, havia o costume de se guardar as moedas  em ourivesarias que entregavam aos donos como garantia um recibo, prática muito semelhante à que atualmente se faz no mercado financeiro, com agrande diferença da tecnologia hoje empregada. Com o passar do tempo esses recibos começaram a ser utilizados como meios de pagamentos nas atividades comerciais o que deu origem à criação da moeda de papel, o dinheiro em espécie.

Com o surgimento das casas bancárias como as conhecemos atualmente, iniciou-se o processo de emissão de moeda e curiosamente, no Brasil do século XIX os mencionados recibos bancários eram preenchidos à mão e entregues ao banco que devolvia ao emissor do recibo o mesmo valor preenchido em moedas, tendo-se nesta prática introduzido-se o processo de emissão de cheques.

Importante não esquecer que em todas as épocas o meio de troca que conhecemos como dinheiro esteve atrelado a algo valioso, um padrão, que mudou ao longo do tempo.
Aos poucos, com o incremento da circulação de bens, mercadorias e valores financeiros como as moedas e os “cheques”, as autoridades passaram a ter que controlar a emissão de papel moeda para evitar falsificações e que o mesmo perdesse seu valor (lembrando que algo valioso é o que é escasso), garantindo assim o poder de compra do dinheiro.

Hoje a grande maioria dos países possuem sua estrutura de controle monetário através da criação de Bancos Centrais que regulamentam o mercado financeiro e protegem o valor da unidade monetária de cada nação.

No mundo pós moderno do século XXI, além do dinheiro vivo, ( já teve seus dias de glória e encaminha-se para um certo “sunset boulevard”), impresso em cédulas reguladas pelo Governo, o comércio também usa e abusa de outros mecanismos financeiros para pagamento, como o cheque(uma espécie em extinção), diversos tipos de cartões, máquinas de pagamentos, sistemas integrados de transações bancárias com o uso de cartões magnéticos que tanto podem servir para pagamentos à vista como a prazo, como se fosse financiamentos e da telefonia celular (no Brasil a grande novidade criada pelo nosso Banco Central foi o PIX), além das famosas “moedas virtuais”, já com ampla diversidade de formatos, alcance e investimentos.

Essas tecnologias foram criadas para dar mais praticidade, agilidade e segurança para as transações de uma maneira geral (todos os mecanismos ao longo da História tiveram suas brechas em relação a assaltos e fraudes, não havendo diferença na existência de golpes, apenas em seu formato e engenhosidade).

Somente a título de termos uma visão um pouco mais local dos instrumentos de controle monetário, temos em nosso país a Instituição Casa da Moeda, responsável pela impressão do dinheiro, criada em 1694 por Dom Pedro II (não confundir com nosso Imperador), rei de Portugal à época para dar suporte à demanda de fabricação de moedas no Brasil Colônia.

Atualmente nossa Casa da Moeda que faz parte do Tesouro Nacional além de produzir e atualizar o papel moeda em circulação é responsável também pela confecção de outros produtos tais como passaportes com chips e selos fiscais.

Não podemos esquecer no entanto que a fabricação de novas cédulas está sob a regulamentação do Ministério da Economia e pelo Banco Central do Brasil, uma vez que a criação de papel moeda precisa necessariamente estar compatível com o PIB nacional, ou seja tudo o que é produzido pelo Brasil em termos de serviços e produtos.

De forma geral esse é um dos motivos pelos quais uma Economia jamais pode buscar contornar uma crise financeira simplesmente colocando mais moeda em circulação, uma vez que esta ação leva ao aumento de preços dos produtos, bens e serviços, que por sua vez pressionam salários, gerando ao final inflação, pela desvalorização da moeda em circulação.

Como já mencionado, não é objetivo deste texto analisar e aprofundar o significado do dinheiro ao longo do tempo, mas sim dado o espaço, dar-se uma ideia de como esse elemento sempre ocupou um espaço muito importante na História da Humanidade sendo que percebemos que nessa longa jornada evolutiva desse meio de troca, o dinheiro foi assumindo cada vez mais sua essência de ser algo abstrato e virtual, ou seja, uma ideia, um significado que é representado por algo material, as moedas.

Como já dito no início, o dinheiro não “existe” materialmente sendo um conceito abstrato que se materializa em padrões, regulamentações e regras estabelecidas por Entidades Monetárias que permitem a operação de transações entre as comunidades humanas, sendo um fator de comprometimento e compromisso entre os humanos que se utilizam dele para gerarem bens e serviços e desta forma criarem renda que é empregada na geração de mais bens e serviços, em uma cadeia infinita.

O Economista mais representativo da Teoria Econômica Heterodoxa, John Maynard Keynes em sua clássica obra Teoria Geral do Emprego, dinheiro é um elo que liga o presente e o futuro, não somente porque é símbolo de produtos futuros (investimentos e bens) mas muito mais porque gera entre os homens o compromisso de produzi-los.

Caro amigo leitor, é muito fácil perceber esse compromisso: você mesmo, como atuante empreendedor em sua Corporação tem o compromisso de produzir, bater e superar suas metas e para isso você recebe o quê? Um salário, seu rico dinheirinho, certo? Esse é o dinheiro, um compromisso, estando essa característica presente em toda a História Humana, pelas mais diversas formas pelas quais ele, o dinheiro, foi representado. Ele é apenas um compromisso. Se esse compromisso não existir, não há nenhum sentido no dinheiro pois ele não tem valor intrínseco, não vale por si só.

Continuando a exposição, vamos agora refletir de forma geral e breve no tema “Educação Financeira”, a qual se ausente, distorce a relação de compromisso entre partes.

Educação Financeira

A relação com o dinheiro
A relação com o dinheiro

O que é Educação financeira? O que é ser “educado” em finanças?

  • Ser Economista
  • Ser investidor
  • Ser um especialista em Bolsa de Valores
  • Ser um planejador, especializado em planilhas de Excel
  • N.D.A.

A resposta “e” é a que mais se aproxima do que é ser uma pessoa com uma visão correta da utilização do dinheiro e da relação de compromisso mútuo por ele gerado.

Ninguém precisa fazer curso de Economia, ou ser investidor, um mega entendido em operações de futuros, derivativos, Bolsa, Ações, Fundos, Moedas Virtuais para ter o que chamamos de Educação em finanças.

A Educação Financeira é simplesmente o conhecimento e a correta vivência da relação entre o ser humano enquanto ser que vive em sociedade de forma plena, consciente, com uma adequada perspectiva de futuro e de um projeto para si e sua família e desta forma TODOS precisam estar cientes de como agirem de forma a criarem para si e seus dependentes uma vida com um grau satisfatório de conforto.

É bastante promissora e fundamental a iniciativa do Ministério da Educação a criação de um programa de ensino na escola básica de noções de como lidar com o dinheiro em todas as sua formas e como entender esse elemento crítico para a vida na atualidade, sem criar ilusões e fantasias e cidadãos sem a menor noção do uso desse elemento que se bem utilizado traz realizações e benefícios à comunidade, criando igualdade e uma adequada distribuição de recursos dentro de casa.

O que é importante ensinar? Primeiro o que vem a ser o dinheiro, como surgiu, se é um recurso inesgotável, como se lidar com ele, o que representa, nossa relação com ele. Por que temos que comprar mercadorias? Por que elas não nos são dadas de forma gratuita, iniciando-se aí a criança no conceito de “valor”, já mostrando-se a diferença entre preço e valor.

É claro que existem muitas coisas maravilhosas que são gratuitas, como o amor, a família, e nem queremos defender o culto ao dinheiro, mas temos que entender que vivemos em uma sociedade liberal e capitalista e que feliz ou infelizmente precisamos dessa figurinha popularizada como “verdinhas” para nos relacionarmos no mundo de forma bem sucedida. Portanto não nos levará a lugar algum fazer apologia do ódio ao dinheiro e nem sentirmos raiva ou inveja de quem foi bem sucedido com ele.

O que é uma dívida? O que devemos fazer para termos uma situação financeira saudável, com um equilíbrio entre o que conseguimos obter e o que precisamos comprar?
O que é roubar dinheiro? Como isso gera infelicidade e perdas diversas? Por que não se pode roubar?

Como se ganha dinheiro? O que se deve fazer para ter-se esse elemento de forma satisfatória em nossa vida?

Quais são as formas que podemos utilizar para pagar nossas contas? O que são contas? O que é papel moeda? Por que precisamos utilizar mais papel moeda em algumas coisas e menos em outras?

Quais são as forma que o dinheiro se apresenta? O que é um cartão de débito? De Crédito? Por que não se pode usar esses cartões de forma indiscriminada? O que acarreta uma dívida de um cartão de crédito?

O que é um Banco? Para que serve? O que é Cheque Especial e por que não é dinheiro nosso? O que acontece se for usado muito cheque especial?

Por que o papai e a mamãe não podem e não devem comprar tudo o que queremos? O que podemos fazer para ajudá-los a ter um controle adequado?

O que é poupar, guardar dinheiro? Por que não se pode guardar dinheiro em casa?

Enfim, é muito crucial que as famílias desde o início procurem mostrar às suas crianças o potencial efeito maléfico do dinheiro quando mal usado e se mal adquirido.

A questão importante que se coloca é que essa Educação muitas vezes é ausente nos pais que já encontram-se perdidos em meio a dívidas que vão muito além do seus recursos; por esta razão é fundamental que os adultos se eduquem para terem condições suficientes de dar a seus filhos a possibilidade destes terem comportamentos que os levem ao sucesso e não ao fracasso e às mesmas dificuldades pelos quais a família eventualmente passe.

Existem maneiras simples e eficazes de se criar condições para que uma família consiga ter uma vida minimamente confortável e segura. Sobre elas poderemos refletir em outro momento.

Você empreendedor amigo, em seu projeto pessoal ou profissional, com certeza já se defrontou com a necessidade de examinar melhor sua performance financeira e desta forma criar condições para que seu negócio, atividade, família, etc, prosperem e sejam bem sucedidos.

Lembre-se sempre de uma coisa: aquilo que não queremos para nossa vida é o que naõ teremos de sucesso!

Se você só quer gastar, não terá sucesso algum como investidor. Um investimento requer disciplina presente para uma festa da colheita futura.

De outro lado tenha certeza que o investimento em um planejamento constante e adequado, com alguma renúncia, não há jeito, proporcionar-lhe-á uma farta colheita.

Vamos aprender corretamente o que é o dinheiro?

O que não queremos para hoje é o que não teremos amanhã!
Até uma Próxima Vez!
MUITO OBRIGADA !!!

Maria da Penha Amador Pereira, Economista formada pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo com especialização em Desenvolvimento Econômico.

Atuou em carreira corporativa na antiga Companhia Energética de São Paulo, Banco do Estado de São Paulo e no Citibank, onde desenvolveu carreira por aproximadamente 30 anos em Controladoria, Planejamento Estratégico, Segurança de Informações, Gestão de Crises e Continuidade de Negócios, Qualidade, Projetos de Melhorias de Processos e Produtos Bancários, Controles Internos, Auditoria, Governança Corporativa, Regulamentação Bancária e Compliance.

Atualmente é escritora com obras já publicadas, Master Coach e PNL, Orientadora e Mentora de Carreiras, Palestrante e Educadora Financeira, tendo publicado mais de 55 artigos em Portais de Empreendedorismo, mídias sociais, jornais e revistas regionais e LinkedIn, além de ter participado de vários seminários e fóruns sobre diversos temas ligados à realidade brasileira e Compliance.

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