Recessão à vista!

Não é novidade que o mundo esteja sob ameaça de uma nova recessão. São diversas as bolhas criadas em alguns mercados, que ameaçam estourar e provocar ondas de choque, como demissões, redução da atividade econômica, menor produção, redução do poder aquisitivo e menor consumo, alimentando negativamente a cadeia econômica.

Mas desta vez quero compartilhar o receio de que as maiores economias do mundo passem por um período de recessão. Tanto a União Europeia quanto os EUA estão aumentando os juros, para conter a inflação e porque o risco da falta de energia na Europa é cada vez mais real, com o prolongamento da guerra na Ucrânia. E tudo isso já vem afetando a economia do Brasil.

Se essa recessão se confirmar, os efeitos em nossa economia serão maiores, porém depende de onde ela acontecerá e quanto tempo irá durar. Caso seja restrita à Europa e EUA e seja menor que um ano, teremos apenas uma desaceleração no crescimento, mas não chegaremos à recessão, segundo especialistas em economia. No entanto, se o cenário for mais grave ou mais longo, outras economias globais também serão atingidas, prejudicando assim a balança comercial do Brasil.
O maior receio para os economistas brasileiros é de que a China também seja atingida, pois isso levaria o Brasil a um cenário de recessão. Mas o que pode levar uma economia à recessão, neste momento?

O primeiro ponto é a taxa básica de Juros, que orienta as operações financeiras em geral: Se as taxas estiverem altas, a economia sofre uma desaceleração, pois o consumo é reduzido, o crédito também fica mais caro e os projetos de crescimento de empresas são adiados. Os bancos centrais usam esse fator como controle inflacionário, mas a economia não é uma ciência exata, então efeitos adversos podem ocorrer.

O banco central americano, que não alterava os juros desde 2018, aumentou as taxas recentemente, para tentar frear a inflação que já chegava a quase 9%. Essa medida, de alto impacto, carrega consigo uma chance considerável de causar uma recessão. Na Europa, o banco central do Reino Unido elevou as taxas de juros básicas ao maior nível desde 2009, o que deve ser seguido pelo banco central da União Europeia, conforme já anunciado.

O segundo ponto é relacionado ao conflito econômico e político travado em torno da Ucrânia. As ameaças de redução ou até mesmo cortes nos suprimentos de energia para os países do continente europeu são cada vez mais reais. A Rússia responde pelo fornecimento de quase metade da energia consumida na Alemanha e na Itália e quase um quarto na França. Além disso, é o principal exportador de gás natural no mundo e qualquer interrupção pode afetar países em todos os continentes.

O terceiro ponto está ligado à pandemia da Covid-19 e à política de confinamento na China. Volta e meia cidades importantes na China, incluindo suas unidades fabris, portos e outros modais são confinadas, gerando grandes impactos na economia mundial, atualmente muito dependente de insumos produzidos na China ou que passam pelos portos chineses, como já abordamos aqui em outro artigo, falando sobre a crise do supply chain.

Os economistas esperam que o impacto no Brasil não seja severo, não por nossa economia ser robusta, mas porque já está tão combalida, que os efeitos negativos não trarão grandes impactos ao atual cenário, apenas agravando um pouco mais os índices de desemprego, fechamento de empresas e redução de consumo. As projeções do PIB para 2022 e 2023 ainda são de crescimento, ainda que pífio.

O maior risco fica por conta da recessão se alastrar e atingir a China, nosso principal parceiro econômico, responsável por quase um terço das exportações brasileiras. Se esse país desacelerar sua economia e reduzir suas importações, sentiremos um grande baque, pois as exportações somam quase 20% do nosso PIB, segundo o Ministério da Economia.

Com graduação em Engenharia, pós-graduações em Marketing e Computação Aplicada à Educação, Mestrado em Educação Matemática e Doutorado em andamento na mesma área, Luis Pacheco tem experiência no mercado financeiro e em empresas digitais, atua como professor no ensino superior, como mentor de startups, como pesquisador e é autor de conteúdo especializado.

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