O EMPREENDEDORISMO POR NECESSIDADE

Na semana passada tive a oportunidade de assistir a um painel interessantíssimo promovido pela Fecomércio RJ sobre a superação feminina. O que inicialmente parecia ser uma conversa sobre costumes, acabou sendo uma exposição sobre o empreendedorismo feminino e as dificuldades de conciliar a carreira de empreendedora com outros aspectos da vida da mulher. Segundo estudo do SEBRAE, realizado com base nos dados do PNADC, 10,1 milhões de mulheres estavam á frente de um negócio no país no final de 2021, o que significa 34% dos donos de negócios.

Muitas mulheres optam por empreender como forma de conquistar a independência financeira ou para fugir de situações opressoras e de violência doméstica. Outras empreendem por não encontrarem condições adequadas e justas nos seus ambientes de trabalho após a chegada dos filhos. De acordo com pesquisa realizada pela Rede Mulher Empreendedora, 75% mulheres empreendem por essa razão.

Apesar dos grandes avanços na legislação trabalhista, ainda há uma enorme resistência de donos de empresas em criar condições para que mulheres possam conciliar a criação dos filhos com as responsabilidades da carreira. Isto ficou evidenciado em pesquisa da FGV que mostrou que 48% das mulheres deixam o mercado de trabalho antes do filho completar 1 ano de idade.
Em levantamento realizado pelo SEBRAE, ficou comprovado que muitas brasileiras empreendem principalmente devido à necessidade de ter outra fonte de renda ou para adquirir a independência financeira. Ou seja, empreendem por tano ter outra alternativa de sustento.

Este empreendedorismo por necessidade foi longamente debatido no painel da Fecomércio por se tratar da realidade de muitas das mulheres presentes. Várias relataram que foram compelidas a empreender pela falta de outras oportunidades, iniciando negócios sem os conhecimentos necessários para a sua gestão. Esta, aliás, é um dos principais desafios enfrentados pelas mulheres que empreendem.

Apesar dos inúmeros programas de capacitação e de microcrédito voltados para mulheres empreendedoras, ainda existem algumas barreiras que precisam ser ultrapassadas para facilitar a entrada das mulheres na atividade empreendedora.

Jornada múltipla: Muitas mulheres só conseguem se dedicar aos seus negócios em tempo parcial pois precisam conciliar sua atividade produtiva aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Essa jornada múltipla acarreta uma carga física e psicológica muito alta, podendo levar ao comprometimento da sua atividade profissional.
Falta de incentivo: A falta de aceitação pela família e amigos da atividade empreendedora pode levar ao comprometimento da autoconfiança, o que pode ter graves efeitos nas tomadas de decisão gerencial.

Preconceito e misoginia: Muitas empresárias não recebem incentivos e utilizam recursos próprio ou de empréstimos familiares, ao invés de recorrer a empréstimos bancários. Infelizmente, pesquisas apontam que as mulheres pagam mais juros apesar de serem mais adimplentes do que os homens. Além do mais, mulheres sofrem discriminação no mundo dos negócios, que ainda é predominantemente masculino.

Uma vez superadas as barreiras, o empreendedorismo feminino tem o poder de transformar realidades, conforme foi falado pelas palestrantes no evento da Fecomércio.

Todas finalizaram por dizer que alcançar a autonomia financeira teve um grande impacto nas suas vidas pessoais. Espera-se que haja maior sensibilidade na iniciativa privada e órgãos públicos para o empreendedorismo feminismo, disponibilizando capacitação gerencial e melhores condições para transformar o empreendedorismo de necessidade em empreendedorismo de oportunidade.

Especialista em Processos e Projetos, com mais de vinte anos de experiência em gestão de processos e planejamento operacional. Atuou em empresas de diversos segmentos incluindo consultoria de gestão, telecomunicações, tecnologia da informação, serviços financeiros, óleo & gás, megaeventos, parques temáticos e associações de classe.

Hoje é sócia da Gig Flows, uma consultoria de gestão que se dedica exclusivamente ao planejamento estratégico e melhoria de processos para empresas das Indústrias Criativas e do Entretenimento ao vivo. Andréa é advogada formada pela PUC-RJ com MBA pelo IAG PUC-RJ e Master’s Degree em Entertainment Business pela Full Sail University e está finalizando o mestrado profissional em Gestão da Economia Criativa pela ESPM e a pós-graduação em Direito Intelectual pela PUC-RJ.

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