Por que programas de empreendedorismo em universidades são essenciais para o país
Por que programas de empreendedorismo em universidades são essenciais para o país

Por que programas de empreendedorismo em universidades são essenciais para o país?

As universidades ajudam a formar e dão asas ao desenvolvimento de pessoas, não apenas como profissionais em suas áreas de formação, mas também como cientistas e pesquisadores.

Muitas vezes, esses jovens descobrem novos materiais, novos processos, novas maneiras de se fazer as coisas, de forma mais eficiente, desenvolvem soluções aplicadas em energias renováveis, mobilidade urbana, indústria 4.0, meio ambiente, mudança climática e tantas coisas necessárias à nossa economia e sociedade, mas onde vão parar esses projetos?

Nem mesmo os orientadores e professores que participaram desses projetos sabem dizer com clareza em que momento os projetos foram esquecidos ou se perderam entre estágios, programas de trainee ou pelo distanciamento natural pós-curso.

A falta de incentivos para as carreiras científicas no Brasil é patente e muitos pesquisadores acabam abandonando o país, em busca de recursos, incentivos, reconhecimento e de sua própria sobrevivência. Esse é um problema sistêmico, que coloca o Brasil entre os países com baixa produção acadêmica, e consequentemente, com pouquíssimas patentes.

Segundo a National Science Foundation, a contagem de artigos científicos por países, entre 2008 e 2018, aponta o Brasil em 11º lugar, o que não seria de todo ruim, mas verificando a quantidade de artigos, pesquisadores do Brasil publicaram apenas 60.148 artigos, enquanto pesquisadores da China, primeiro lugar no ranking, publicaram 528.263 artigos.

Os pesquisadores dos EUA, segundo lugar no ranking, publicaram 422.808 artigos. A índia aparece em terceiro lugar no ranking, com mais que o dobro dos artigos publicados no Brasil. Isso sim é preocupante.

Mais preocupante ainda é o cenário de patentes registradas no Brasil. Segundo a Organización Mundial de la Propiedad Intelectual, em 2019, a China pediu o registro de 1,4 milhões de patentes, seguida pelos EUA, com 621 mil pedidos e pelo Japão, com 308 mil pedidos. O Brasil novamente é o 11º no ranking, mas com apenas 25 mil patentes requeridas.

Novamente chamo a atenção para a cultura de colônia, de extrativismo e de produção de commodities. O Brasil produz o grão do café que é vendido por 30 vezes o seu preço dentro de uma cápsula. O mesmo acontece com o minério de ferro e com muitas commodities extraídas do Brasil.

Os cérebros do Brasil estão indo embora ou desistindo da carreira. E com eles vão as invenções, inovações, artigos e patentes que deveriam ser incentivadas e cultivadas junto ao ecossistema de empreendedorismo. Por isso tudo, urge a demanda de programas de desenvolvimento do empreendedorismo de cunho científico e tecnológico.

Alguns programas assim têm surgido em universidades e permite que os pesquisadores, cientistas e professores tenham contato mais próximo com o ecossistema de empreendedorismo, que apresentem seus projetos para potenciais investidores, que obtenham feedbacks e insights valiosos sobre suas ideias e projetos.

Os programas não são fáceis de serem acompanhados. É um período de muito trabalho, de desconstrução de paradigmas e de exercício da humildade e da resiliência. Às vezes, não é fácil ouvir duras críticas sobre aquilo que o pesquisador acreditava ser uma ideia inovadora ou muito viável sob o ponto de vista de mercado ou financeiro.

Descobrir que já tem alguém fazendo o mesmo ou que não haveria todo o mercado idealizado, pode ser um choque de realidade. Porém, é muito melhor ouvir as orientações, realinhar o projeto e reduzir as chances de erros, do que ignorar as sugestões e fracassar no mercado depois.

No próximo texto, apresentarei detalhes do programa do Núcleo de Empreendedorismo da USP de São Carlos (NEU-SC), atualmente dirigido de forma magistral, pelo empreendedor e cientista Bruno Azevedo (da ThinkMilk).

Com graduação em Engenharia, pós-graduações em Marketing e Computação Aplicada à Educação, Mestrado em Educação Matemática e Doutorado em andamento na mesma área, Luis Pacheco tem experiência no mercado financeiro e em empresas digitais, atua como professor no ensino superior, como mentor de startups, como pesquisador e é autor de conteúdo especializado.

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